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Foto do escritorMatias Alvez de Oliveyra

A importância de treinar os membros inferiores.

Os membros inferiores são os que diferenciam a forma bípede dos seres humanos atuais, dos seus ancestrais mais remotos. A enorme força da região permite que fiquemos em pé e consigamos realizar movimentos potentes para correr, saltar e mudar de direção. Até a mínima diferença ou mesmo a amputação de um membro altera de forma contundente a postura, o gasto energético e a cadeia de movimentos que vai dos pés à cabeça.

Todo movimento em contato com o solo precisa de uma base sólida. A frase “não se pode atirar uma bala de canhão de uma canoa”, popularizada pelo famoso treinador Charles Poliquin, pode ser muito bem aplicada para descrever a importância do treinamento de pernas em todas as atividades do dia a dia.


Os músculos não são apenas compartimentos de carne que ficam bem em trajes de banho. Eles são responsáveis por gerar movimento, em grande parte pelo metabolismo energético, e atuam como um importante regulador hormonal. Os membros inferiores são constituídos em média por 54,9% de toda a massa muscular corporal dos homens, enquanto em mulheres, esse valor chega em média a 57,7%. Esses números dependem tanto da idade, quanto do gênero dos indivíduos.


Com o envelhecimento e a diminuição do movimento, surge a perda da força e da massa muscular, significantemente maior nos membros inferiores. Dessa forma, a degeneração articular, a gordura visceral, doenças metabólicas e a fragilidade, evoluem e se tornam parte comum do cotidiano.

Independente de causa e efeito, é fácil encontrar pessoas com mais de 45-50 anos com dificuldades de locomoção, circunferências muito além das consideradas extremas (>100cm para homens e >90cm para mulheres) e pernas que não condizem com o seu tamanho. Pernas finas, pés. joelhos e articulações doloridas, inflamação crônica, diabetes e obesidade parecem estar altamente relacionados.


No meio esportivo, treinar os músculos das pernas pode ter como objetivo economizar energia e diminuir os riscos de lesão. Músculos mais rígidos e potentes, são capazes de proporcionar melhor desempenho e diminuir o custo energético, gerando uma demanda menor no consumo de oxigênio para uma determinada intensidade de exercício. Além disso, equilibrar a força dos músculos agonistas e antagonistas, diminui severamente os riscos de lesão em esportes com rápida aceleração e desaceleração.



Como visto, os benefícios são muitos. O treinamento pode melhorar a qualidade de vida, diminuir o risco de adoecer, e é muito importante no meio esportivo. Na dúvida de como programar os exercícios, lembre-se que existem algumas variáveis que podem ser manipuladas. O tipo de exercício, por exemplo, pode promover adaptações mais expressivas, da mesma forma que irá exigir mais coordenação e energia para ser realizados. Exercícios como o agachamento, afundo e o levantamento terra, envolvem mais massa muscular, e são consideradas excelentes opções. A amplitude, a cadência e a velocidade de execução, podem interferir também no resultado, e devem ser escolhidas com cautela de acordo com o objetivo da sessão ou do ciclo de treino.


O volume e a intensidade são duas variáveis primordiais para força e hipertrofia. A boa distribuição das cargas durante a semana podem ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da atividade. Nada impede de exercitar as pernas todos os dias ou duas vezes durante a semana, pois a melhor frequência está relacionada à capacidade de treinar e de se recuperar. Lembre-se: o objetivo do treino é a melhora da capacidade e não a exaustão! Se não estiver melhorando, então a sua programação não está adequada à sua condição física.


Pontos-chave:


  • · Os membros inferiores são a base para todas as atividades que realizamos, “são as rodas do nosso veículo”.


  • · Mudanças na força e no tamanho muscular dos membros inferiores, estão relacionadas a várias doenças crônico degenerativas.


  • · O treinamento de pernas deve ser programado levando em consideração algumas variáveis (objetivo, exercício, amplitude, cadência, velocidade, volume, intensidade e frequência) para ser bem sucedido.


  • · O treinamento deve melhorar a condição e não a piorar.


Não fique de perna bamba, comece a treinar. Abraços!


Matias.


PS: Não seja esse cara e nem tente isso em casa, procure ajuda de um profissional.


Referências:


BATISTA, F. S. et al. Relationship between lower-limb muscle strength and frailty among elderly people. Sao Paulo Medical Journal, v. 130, n. 2, p. 102–108, 2012.

CANDOW, D. G.; CHILIBECK, P. D. Differences in size, strength, and power of upper and lower body muscle groups in young and older men. Journals of Gerontology - Series A Biological Sciences and Medical Sciences, v. 60, n. 2, p. 148–156, 2005.

COMMUNICATIONS, S. Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 41, n. 3, p. 687–708, 2009.

DONALDSON, C. T.; DREESE, J. C. Hamstring and quadriceps injuries. Current Opinion in Orthopaedics, v. 17, n. 2, p. 145–148, 2006.

JANSSEN, I. et al. Skeletal muscle mass and distribution in 468 men and women aged 18-88 yr. Journal of Applied Physiology, v. 89, n. 1, p. 81–88, 2000.

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