Normalmente, quem procura pelo treinamento físico não sabe com clareza qual é o seu verdadeiro propósito. Algumas pessoas sugerem que é um meio eficaz de diminuir a gordura corporal, promover a melhoria da saúde ou até uma forma de se encaixar em um padrão estético ideal. Porém, mesmo que alguns desses benefícios ocorram e sejam claros, devem ser encarados como um efeito positivo do treinamento e, consequentemente, de uma vida mais ativa.
O treinamento físico deve ser realizado para tornar alguém mais capaz fisicamente. No meio esportivo, os velocistas treinam para ficarem mais rápidos e os levantadores de peso, para ficarem mais fortes e potentes. No dia a dia, as pessoas devem treinar para estarem aptas a suportar longas jornadas de trabalho e a realizar as suas tarefas básicas sem grande esforço.
Em parte, as más concepções sobre o treinamento se devem ao mercado fitness que, como qualquer outro, depende de produtos e estratégias de marketing lucrativas para crescer. De acordo com o relatório da IHRSA (Associação Internacional de Saúde, Raquete e Clubes Esportivos), com o crescimento anual de 8,7%, a indústria fitness valerá US$ 106 bilhões em 2020.
Muitas das mudanças no cenário do fitness foram positivas e o aumento de investimentos proporcionou uma expansão significativa do mercado, hoje incorporado à área da saúde, na qual o treinamento é utilizado como parte importante de alguns tratamentos médicos. No entanto, popularmente, o treinamento continua sendo prescrito, divulgado e encarado equivocadamente, como algo que influencie diretamente na diminuição da gordura corporal, na melhoria da saúde ou na aquisição de um padrão estético ideal.
Surpreendentemente, ainda existem pessoas que defendem, por exemplo, que o aeróbio contínuo seja um exercício para perder gordura e que o HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade) deve ser realizado para "secar" sem perder músculo em "pouco tempo". Alguns ficariam desapontados em saber que esses métodos, mesmo tendo um alto gasto calórico e auxiliando no controle de peso, não têm esse objetivo. O aeróbio contínuo ou o de alta intensidade tem como propósito melhorar o sistema cardiorrespiratório e desencadear melhoras centrais (coração) e periféricas (músculos).
Algo similar ocorre quando adultos mais velhos procuram o treino para cuidar da saúde. A saúde não é treinável, mas exercitar-se com frequência melhora a função física, a força muscular e a resistência, o que, por fim, leva a inúmeros benefícios de saúde.
A essência da questão é que o objetivo do treinamento, mesmo sendo muito importante, nem sempre está associado diretamente ao do praticante. Existem estratégias que funcionam bem para cada situação. Treinar com a mentalidade adequada pode evitar frustrações e potencializar resultados.
Pontos-chave:
O treinamento físico serve para melhorar a capacidade física.
A indústria fitness faz parte de um mercado lucrativo que nem sempre é honesto.
O objetivo do treinamento pode não ser o mesmo que o do praticante.
O treinamento deve ser estratégico para ser compatível com o objetivo de quem o pratica.
Treinar com a mentalidade certa pode potencializar resultados e evitar frustrações.
Treine para melhorar,
Matias Oliveyra.
Move to be Well: The Global Economy of Physical Activity October 2019. https://globalwellnessinstitute.org/wp-content/uploads/2019/10/2019-Physical-Activity-Economy-FINAL-NEW-101019.pdf
The 2019 IHRSA Global Report
Martin Buchheit, Paul B. Laursen (2013). High-Intensity Interval Training, Solutions
to the Programming Puzzle. Part I: Cardiopulmonary Emphasis. Sports Med. DOI 10.1007/s40279-013-0029-x https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23539308/
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